sábado, 6 de junho de 2015



JETHRO TULL - SONGS FROM THE WOOD

Na minha opinião, o melhor disco do Jethro Tull, superando até mesmo os aclamados Aqualung e Thick as a Brick. O clima das canções passa, como nunca antes na carreira da banda, a ambientação folclórica, casando perfeitamente com o título do álbum e com a belíssima ilustração da capa. O folk, na música do Jethro Tull, é algo tão intrinseco quanto o sangue que percorre o corpo, mas em Songs From the Wood as músicas puxam mais para o lado menestrel festivo do que a linha menestrel melancólio seguida no disco Benefit.
Curiosamente, a onda de inspiração que gerou este disco, e prosseguiu pelos dois ótimos lançamentos seguintes, veio após o lançamento de um álbum bastante criticado (com alguma razão), Too Old to Rock´n´Roll, e teve o seu ápice e consagração no álbum duplo ao vivo Bursting Out. Tony Iommi, depois de ter passado alguns dias com a banda, absorveu a disciplina de ensaios e levou isso para o Black Sabbath. De fato, quando se aprecia mais atentamente a musicalidade, concomitantemente complexa e sutil, do Jethro Tull, só se pode aferir que o grupo trabalhava com muita seriedade, e essa seriedade era refletida em cima do palco, pois o grupo sempre proporcionou um espetáculo invejável. As músicas de Songs From the Wood se prestavam adequadamente a essas performances, enriquecidas pelo Tull ter, na época, uma de suas melhores formações.
A canção Songs from the Wood inicia com um trabalho vocal baseado em contrapontos, lembrando muito o que o Gentle Giant sempre fez em sua carreira. Em seguida tem uma coleção de peças belíssimas em seus arranjos, quer sejam aquelas que entraram para a história como clássicos, tal qual Jack in the Green ou Hunting Girl, quer sejam as que não foram tão trabalhadas pela banda, mas que estão no mesmo nível de excelência que permeia o disco, como Velvet Green ou Cup of Wonder. Saber que Ian Anderson, o líder da banda, compôs tudo sozinho, gera, por si só, admiração, principalmente quando ouvimos o álbum e vemos a elaboração e a excelência das canções, fazendo com que curvemo-nos frente ao talento do sujeito.
É claro que ter a companhia de um guitarrista do nível de Martin Barre ajuda, e muito, na criação da personalidade do som do Jethro Tull. Personalidade essa que, já distinguível pelo timbre de seus músicos, torna-se ainda mais evidente e diferenciada pela utilização da flauta nos arranjos. Pode-se dizer que existe no imaginário popular o conceito de que a flauta presta-se para expressar tons de doçura ou suavidade, mas no Tull ela vai além, muito além. Ela passa tanta vibração quanto a guitarra e, por pouco, não é empunhada da mesma forma.
Pibroch é a faixa mais progressiva do disco, no sentido estrito do termo, e coincidentemente é a mais longa. Todo o restante traduz o Tull no ápice de sua criatividade. Uma banda que nem sempre é citada entre as principais que já existiram, por consequência da preguiça mental que sempre papagueia os mesmos nomes, mas que extendeu sua influência para uma diversidade de artistas e gêneros, do folk-pop do Dexy´s Midnight Runners, passando pelo metal do Skyclad, e até mesmo na performance do pernambucano Alceu Valença, na fase do disco Vivo!

Tal alcance só é possível para aqueles que detém relevância perene.

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