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VIRGIN STEELE – NOBLE SAVAGE
Confesso que não sei avaliar muito bem o status do Virgin Steele no
Brasil. Parece-me ser uma banda querida pelo público, detentora de forte
prestígio, mas tudo isso restrito a um nicho de fãs. Apenas aquela parcela de
fãs, mais interessada em conhecer a miríade de artistas que permeiam as
variedades nas listas de lançamento, busca maiores informações sobre o grupo.
Não descarto a imensa possibilidade de equívoco que essa interpretação
traz, mas ela baseia-se, como não poderia deixar de ser, apenas no que eu posso
observar das pessoas mais próximas a mim. Como eu, e meus amigos mais
constantes, somos todos da velha guarda, um fenômeno peculiar pode ser
facilmente observado em nossas preferências: bandas que tiveram seus discos
lançados em vinil no Brasil, mesmo que sejam historicamente mais obscuras do
que bandas como o Virgin Steele, acabam por ser mais significativas.
Leatherwolf e Savage Grace estão aí pra demonstrar isso. Fomos, naturalmente,
doutrinados por aquilo a que tínhamos acesso.
Um disco como Noble Savage, no entanto, merece ser conhecido. Não vai
mudar a vida de ninguém a essa altura, mas é um disco bom e demonstra bem o que
era o Virgin Steele em sua fase mais, digamos, pura. Trata-se de um metal épico
na linha do que era feito no começo dos anos 80, sem aqueles exageros que
depois viriam a contaminar o estilo e o próprio Virgin Steele. De certa forma,
a trajetória do grupo encontra, parcialmente, paralelos com a trajetória da
banda com a qual o seu som tem mais similaridades, que é o Manowar. Se, por um
lado, quando viesse a lançar no futuro o álbum Invictus, a semelhança chegasse
a incomodar, nessa fase da carreira havia uma espontaneidade que rimava com
algumas coisas que o Manowar fez em Battle
Hymns. Uma mescla de canções puramente metálicas com outras tendentes
para o hard rock.
Ambas facetas estão bem caracterizadas ao longo do disco, mas quando
eles investem no hard rock, o fazem sem qualquer pudor ou restrição. Vão bem
fundo nessa pegada, que podemos observar escancaradamente em faixas como The
Evil in Her Eyes e Rock Me. Também vale incluir aqui a balada Don´t Close Your
Eyes que é muito, mas muito boa mesmo, bem distante da chatice que várias
outras músicas assim costumam soar. Don´t Close Your Eyes é facilmente um dos
destaques do álbum e soa como algo que poderia ter sido feita pelo Twisted
Sister.
No lado metal, a banda está sintonizada com o que faziam suas
conterrâneas Armored Saint, Omen e Manilla Road naquele mesmo ano de 1985. Com
exceção da rapidez da ótima faixa Fight Tooth and Nail, as demais tem o
andamento típico de canções fortes e marcantes como a marcante abertura We Rule
the Night, a clássica Noble Savage, e a mais épica de todas, The Angel of
Light.
David DeFeis tem sido o rosto e alma da banda, tão vinculada a sua
personalidade quanto seria se se tratasse de um projeto solo. Escudado pelo
guitarrista Edward Pursino, que tem sido o único outro membro constante na
formação desde essa época, o vocalista segue liderando o Virgin Steele,
acertando e errando, mantendo uma linha de composição, mas sem se tornar
escravo de sua própria música, permitindo-se criar variações em torno da mesma.
Merece o status de banda cult e é isso que a torna grande.
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