sábado, 20 de fevereiro de 2016



BLACK SABBATH - BORN AGAIN

Mob Rules, a segunda colaboração de Ronnie James Dio com o Black Sabbath, é um clássico, sem nenhuma dúvida, mas fica um pouco aquém de seu antecessor, Heaven and Hell. Os dois são maravilhosos, todo mundo sabe, mas Heaven and Hell vence por alguns pontos a mais. Eu creio que, se Ian Gillan tivesse gravado mais um disco com o Sabbath, muito provavelmente também não superaria ou igualaria o que foi realizado em Born Again. E se quiçá isso tivesse acontecido, não me é possível conceber o resultado, pois aqui se trata de um álbum PERFEITO em letras garrafais! Em seu 11o. disco de estúdio, a banda, pela segunda vez, se reinventou de uma forma surpreendente, trazendo a voz de Ian Gillan, um dos cinco melhores cantores de rock pesado de todos os tempos, ainda no auge de sua forma.
Curiosamente, o próprio grupo não considera esse disco como a pérola definitiva que é e, no exterior, imprensa e público em sua maioria seguem esse pensamento. Parece ser algum desgosto em relação à produção que, de fato, poderia ser melhor, mas a força do material é tão pungente que supera esse tipo de desabor. No Brasil, o disco tem o peso de obra-prima que realmente merece. Born Again é tão denso, tão soturno e carregado de malignitude que atropela de forma definitiva as vãs tentativas de trocentas bandas de black metal espalhadas por aí, tentando ser sombrias.
Na minha preferência, a formação definitiva do Deep Purple é a que traz Ian Gillan à frente. Eu não consigo desassociar sua voz daquela banda e, por isso, percebo algumas alguns traços de purplezices em suas linhas vocais nesse disco, mas são momentos discretos e passageiros. O que Gillan fez aqui foi desafiador. Seus gritos em Disturbing the Priest ajudaram a deixar a faixa mais claustrofóbica e insana do que poderia ter sido imaginada por Iommi, quando compôs o seu riff. O trio de instrumentistas da formação clássica do Sabbath, acompanhada por um vocalista que já possuía o status de lenda fez com que essa encarnação do grupo apresentasse distinções de sonoridade, com elementos que não foram vistos nas outras formações, mas com a linha principal, a identidade, mantida.
Após a abertura com a clássica Trashed, cujo andamento pode ser comparado ao de uma Paranoid mais agressiva, temos, entre vinhetas carregadas de efeito, a já citada Distubing the Priest e, então, a música mais emblemática do disco, Zero the Hero, sustentada na performance de Geezer, executando um riff cíclico, hipnótico, carregando a música nas costas. Na faceta mais tranquila, Keep it Warm, que encerra o disco sem chamar muita atenção, e a belíssima balada gótica, Born Again; no lado mais pesado, dois momentos marcantes em Digital Bitch e Hot Line.

A aura do Deep Purple que cerca Ian Gillan foi o principal fator de dissolução dessa formação, pressionada por críticas dos fãs de ambos os lados, fazendo com que os músicos dessem declarações de que a reunião foi um erro, mas não houve erro nenhum. Born Again, o disco, é um dos melhores discos já produzidos em toda a história do heavy metal. Toda! Pena que não se cometem mais erros dessa natureza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário