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SMASHING PUMPKINS - GISH
Um grande amigo meu, fanático por Iron Maiden e uma das pessoas mais
inteligentes com as quais eu já convivi, me apresentou esse disco. O
estranhamento de ver o nome do Iron Maiden dentro de um texto sobre o Smashing
Pumpkins é bem próximo do sentimento que eu tive quando recebi o cd para
escutar. A típica má-vontade inicial de ter que dedicar tempo e atenção a algo
que não fosse metal.
De sorte, eu nunca me furtei a esse tipo de tarefa e, graças a isso,
pude conhecer muitas coisas interessantes e, naturalmente, outras que nem me importo em tentar lembrar.
O Smashing Pumpkins está no primeiro grupo e a sua fase inicial, envolvendo
esse primeiro album e os subsequentes Siamese Dream e Mellon Collie and
Infinite Sadness, estão entre os melhores trabalhos lançados nos confusos anos
noventa. Essa é a fase em que a banda era realmente uma banda. O que veio
depois deixou claro que o grupo tornou-se o projeto solo de Billy Corgan e
apesar de um ou outro pequeno equívoco de trajetória, ainda apresenta saldo
positivo em momentos de qualidade. Sua musicalidade atual poderia ser inserida,
em uma classificação pessoal, como uma espécie de rock progressivo moderno, ou,
numa linguagem mais atual, um pós-progressivo, fazendo par com alguns outros
grupos inclassificáveis por natureza, tal qual Tool ou Neurosis…
Gish, por sua vez, soa como geralmente soam os discos de estréia, bem
fluidos, com bastante frescor e criatividade. Rhinoceros, por exemplo, é uma
faixa belíssima e que tem o curioso poder de diminuir o meu metabolismo. Eu
reduzo a velocidade corporea e esvazio a cabeça de pensamentos para poder
mergulhar no clima dessa canção. Sensação diversa da que é gerada pelas duas
músicas que abrem o disco, I Am One e Siva, mais dinâmicas.
A preguiça mental típica da imprensa é a responsável por associar o
Smashing Pumpkins com as bandas de Seattle que explodiram na mesma época. Nada
mais errôneo, até pelo fato das influências serem distintas para as duas
situações. No caso da banda de Chicago, havia mais traços de psicodelia e de
bandas inglesas da cena que gerou o Cure ou o Echo and the Bunnymen, com o
diferencial de que nos Pumpkins a distorção de guitarra era mais evidente. Se
Billy Corgan merece algum crédito, seria pelo fato de que soube dosar todos os
elementos que lhe influenciaram e conseguir gerar um som próprio. O Smashing
Pumpkins soa absolutamente único.
Crush, Suffer e Tristessa são da mesma natureza de Rhinoceros,
representando a faceta mais melódica e melancólica da banda, fazendo um
contraste suave com o lado mais noise, já que, mesmo quando ataca com mais
força, como em Bury Me, o Smashing ainda continua soando melódico e
melancólico. O som deles mudou aos poucos ao longo do tempo, como eu já disse,
mas ainda me instiga a continuar acompanhando sua carreira, porque mudou
paulatinamente para algo mais profundo, mais denso, afastando-se de formulas
fáceis ou outros artifícios simplórios. Billy Corgan já ameaçou um encerramento
de atividades e voltou atrás. Enquanto ainda tiver algo a dizer que continue a
se pronunciar. Eu estou interessado em escutar.
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