sábado, 19 de março de 2016




RAGE - TRAPPED

É estranho que uma banda tão boa, seja tão pouco comentada nas conversas com meus amigos. Aliás, nunca é comentada. Se nos referirmos a ela pelo nome de Avenger, com qual gravou seu primeiro disco, Prayers of Steel, creio que todos vão lembrar e exaltar a mesma. Mas, desde que mudou o nome para Rage, foram gravados dez discos até a época em que parei de acompanhar (o álbum XIII, de 1998). Garanto que esse período correspondeu a uma carreira vitoriosa em termos de qualidade, com discos recheados de canções rápidas, pesadas e com refrões carregados de carisma. Peavy Wagner é um compositor privilegiadíssimo que, felizmente, está do lado metal da força. Se fosse compositor de música pop, com a capacidade que tem de criar melodias, estaria milionário.
A opção de escrever sobre Trapped é quase aleatória, pois a discografia do conjunto é bastante equilibrada. O Rage é daquele tipo de banda que pode se dizer que não tem álbuns ruins. Trapped, portanto, não é mais espetacular do que os outros trabalhos, mas tem uma de minhas canções favoritas que é Baby I´m Your Nightmare e a presença dela no disco desequilibra a preferência na minha aferição. Afora isso, a trinca inicial de canções é absolutamente soberba, pois Shame On You, Solitary Man e Enough Is Enough são clássicos merecidos do repertório do grupo, sendo que essa última é aquele tipo de faixa que você acompanha cantarolando deste a primeira nota do riff.

O Rage pode ser melhor associado a uma terceira entre as principais correntes alemãs de estilos de metal dos anos oitenta. A primeira seria a das bandas thrash, na linha Kreator, Destruction, Sodom e Tankard; a segunda corresponde ao levante de metal melódico liderado pelo Helloween, expoente absoluto, e seguido por grupos como Heavens Gate, por exemplo. O Rage, juntamente com Running Wild e Grave Digger, fazem o estilo de metal tradicional, mas com uma pegada um pouco mais forte. Houve quem chamasse de Power Metal, mas creio que essa nomenclatura não é mais apropriada. É metal tradicional e fim de conversa. No entanto, porque o Rage não se tornou tão popular quanto as outras duas bandas? Creio que parte da resposta está no desempenho vocal. Peavy Wagner é um cantor competente e talentoso para a interpretação de suas próprias composições, mas a sua voz não é tão diferenciada quanto o são as de Rolf Kasparek e de Chris Boltendahl. Afora esse detalhe, o grupo é tão bom quanto os demais e merece um garimpo retroativo por quem ainda não tem intimidade com sua obra. Apesar de ser do tipo de banda cuja formação vive alternando ao redor de um líder, sua configuração mais clássica, em formato de trio com a presença do guitarrista Manni Schmidt e do baterista Chris Ephthimiades, foi a responsável por esse disco e mais outros cinco, correspondendo à sua época mais espontânea, antes de gerar o projeto Lingua Mortis e, com seu sucesso, insistir além do necessário nessa linha. O heavy metal puro e clássico, porém, está bem representado em sua primeira fase e o Rage é, sem dúvida, responsável por alguns dos melhores discos do estilo.

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