RAGE - TRAPPED
É estranho que uma banda tão boa, seja tão pouco comentada nas
conversas com meus amigos. Aliás, nunca é comentada. Se nos referirmos a ela
pelo nome de Avenger, com qual gravou seu primeiro disco, Prayers of Steel,
creio que todos vão lembrar e exaltar a mesma. Mas, desde que mudou o nome para
Rage, foram gravados dez discos até a época em que parei de acompanhar (o álbum
XIII, de 1998). Garanto que esse período correspondeu a uma carreira vitoriosa
em termos de qualidade, com discos recheados de canções rápidas, pesadas e com
refrões carregados de carisma. Peavy Wagner é um compositor privilegiadíssimo
que, felizmente, está do lado metal da força. Se fosse compositor de música
pop, com a capacidade que tem de criar melodias, estaria milionário.
A opção de escrever sobre Trapped é quase aleatória, pois a discografia
do conjunto é bastante equilibrada. O Rage é daquele tipo de banda que pode se
dizer que não tem álbuns ruins. Trapped, portanto, não é mais espetacular do
que os outros trabalhos, mas tem uma de minhas canções favoritas que é Baby I´m
Your Nightmare e a presença dela no disco desequilibra a preferência na minha
aferição. Afora isso, a trinca inicial de canções é absolutamente soberba, pois
Shame On You, Solitary Man e Enough Is Enough são clássicos merecidos do
repertório do grupo, sendo que essa última é aquele tipo de faixa que você
acompanha cantarolando deste a primeira nota do riff.
O Rage pode ser melhor associado a uma terceira entre as principais
correntes alemãs de estilos de metal dos anos oitenta. A primeira seria a das
bandas thrash, na linha Kreator, Destruction, Sodom e Tankard; a segunda
corresponde ao levante de metal melódico liderado pelo Helloween, expoente
absoluto, e seguido por grupos como Heavens Gate, por exemplo. O Rage, juntamente
com Running Wild e Grave Digger, fazem o estilo de metal tradicional, mas com
uma pegada um pouco mais forte. Houve quem chamasse de Power Metal, mas creio
que essa nomenclatura não é mais apropriada. É metal tradicional e fim de
conversa. No entanto, porque o Rage não se tornou tão popular quanto as outras
duas bandas? Creio que parte da resposta está no desempenho vocal. Peavy Wagner
é um cantor competente e talentoso para a interpretação de suas próprias
composições, mas a sua voz não é tão diferenciada quanto o são as de Rolf
Kasparek e de Chris Boltendahl. Afora esse detalhe, o grupo é tão bom quanto os
demais e merece um garimpo retroativo por quem ainda não tem intimidade com sua
obra. Apesar de ser do tipo de banda cuja formação vive alternando ao redor de
um líder, sua configuração mais clássica, em formato de trio com a presença do
guitarrista Manni Schmidt e do baterista Chris Ephthimiades, foi a responsável
por esse disco e mais outros cinco, correspondendo à sua época mais espontânea,
antes de gerar o projeto Lingua Mortis e, com seu sucesso, insistir além do
necessário nessa linha. O heavy metal puro e clássico, porém, está bem
representado em sua primeira fase e o Rage é, sem dúvida, responsável por
alguns dos melhores discos do estilo.
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