EUROPE - THE FINAL COUNTDOWN
Sim, esse é o disco que tem The Final Countdown e Carrie. Ponto. Todo
mundo já conhece essas duas músicas e não há mais nada a falar sobre elas,
portanto é o que eu vou fazer. Até porque The Final Countdown, especificamente,
já deixou de ser uma propriedade exclusiva do Europe, tornando-se parte da
cultura popular, e o disco, no fim das contas, não se resume a essas duas
canções, tendo muito mais a oferecer.
É curioso que, ouvindo o álbum completo, verifiquei que está tudo
certo: todas as músicas são boas, é tudo bem composto e executado, todos os
múisicos são talentosos…. Então, porque é que eu não escuto esse tipo de música
com mais frequência??? Dessa vez, a ficha caiu: é o vocal. Não que seja ruim,
muito pelo contrário, é só que aquele timbre, aquela entonação, não me agradam
de todo, me geram um certo ranço, talvez pelos traços de radicalismo que ainda
me permeiam. Creio que isso também pode ser debitado como uma característica da
produção daquele período, tanto que escutando um tos trabalhos mais recentes da
banda, lançado em 2012, a interpretação vocal me agradou bem mais, pois já não
havia mais tanto vibrato e a afetação estava mais comedida. Além disso, nos
anos oitenta, a coisa era mais exagerada, tinha reverb em tudo! Performances à
parte, tem que ser dado o devido crédito ao vocalista Joey Tempest: ele compôs
o álbum inteiro sozinho, tendo apenas uma parceria na música Carrie. Talento
não falta ao sujeito.
Deixando de lado os detalhes de timbre vocal, o restante é exatamente o
que se espera: um grande disco de rock de arena, perfeito para ter suas canções
executadas ao vivo, ou para ser ouvido atrás do volante. A música Rock the
Night, por sinal, é a mais autêntica representação desse tipo de som, bem
oitentista. Em destaque, também, tenho que citar a dobradinha Heart of Stone e
On the Loose. Essas foram as canções que mais me agradaram, talvez justamente
por terem interpretações mais sóbrias, sendo que a primeira tem algo de
Scorpions em sua levada.
Por fim, me chamou a atenção o fato de um guitarrista tão talentoso
quanto John Norum não ter contribuído com nenhuma música para o disco.
Provavelmente por questões internas do funcionamento da banda, mas é certo que
Norum nunca passa despercebido. Cada intervenção sua, cada solo, parece ter
sido meticulosamente pensado, mas sem deixar de soar natural. Não tem uma nota
fora do lugar, não tem nenhum excesso gratuito. É tudo sempre feito com extremo
bom gosto.
Esse disco, portanto, merece ser ouvido. E muito. Mas, tal qual a
música que o nomeia, não se prenda a ele: o Europe tem muitos outros discos tão
bons e, às vezes, até melhores do que este. Limitar-se a um hit ou a um álbum
de sucesso é perda de tempo. Ninguém usufrui completamente do talento de um artista se fica restrito a apenas um
capítulo de sua história e o Europe tem uma história pra lá de empolgante.