sábado, 12 de novembro de 2016

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OPERATION MINDCRIME
Discos conceituais são algo complicado. Não em sua essência, mas em seu funcionamento. Na minha opinião, é preciso um raro equilíbrio para que o trabalho sobreviva como estória – já que é a isso que se propõe – mas que as suas músicas possam também existir isoladamente, que façam sentido dentro de um ambiente de show, intercaladas com outras canções dentro do setlist, sem a sensação de serem algo dependente de outras partes, anteriores ou posteriores. Dessa forma, creio que o Queensryche conseguiu conceber um dos melhores álbuns conceituais de todos os tempos! Lançado no mesmo ano de dois outros marcos do metal de alta patente, And Justice For All, do Metallica, e Seventh Son Of A Seventh Son, do Iron Maiden, a sequência das músicas, nesse disco, quando se considera que fazem parte de uma narrativa, soa tão natural que aparenta que a banda as compôs naquela ordem. Caso você o pegue para escutar de uma só vez, é perceptível a fluência, a coesão entre as faixas que soam realmente como um contexto, rumo a um clímax. Por outro lado, se você pincelar uma canção qualquer, ela também soará perfeita, com suas estrofes e refrão, única e plena em sua individualidade.
Evolução é uma palavra pouco utilizada quando se fala do Queensryche. É claro que ela existe, mas a discografia da banda, na fase em que contava com o guitarrista Chris DeGarmo, apresenta um repertório de tão alto nível, desde seu princípio, que os saltos evolutivos são mais discretos. Há diferenças, claro de Warning até Promised Land, mas elas não soam bruscas ou descaracterizantes da personalidade da banda. O Queensryche sempre pareceu estar em um patamar além. Mesmo se analisarmos o grupo exclusivamente dentro do nicho do prog metal, eles parecem existir em um espaço próprio, sem vínculo com as demais formações que executam esse estilo. Assim, o destaque de Operation Mindcrime não poderia ser outro que não fosse o carisma de cada música e é justamente por isso que não posso citar faixas individuais. A qualidade é altíssima em toda a audição. Lembrando que é um disco conceitual, pinçar uma música seria como dizer, por exemplo, que o capítulo 7 de um livro é melhor do que o capítulo 12.

Depois de Operation, o Queensryche ainda concebeu dois grandes discos e um equívoco – Hear in the Now Frontier – que marcou a saída de DeGarmo. Depois disso, foi uma sequência de trabalhos medianos e sem luz própria, além de uma tentaiva de retormar o sucesso de Operation, com uma continuação que mergulhou na obscuridade, demonstrando que o sucesso da banda dependia da combinação de talentos daquela formação, ao contrário do que demonstrou Geoff Tate, que, com sua vaidade, fez com que o legado do Queensryche desmoronasse até que houvesse a inevitável separação, cabendo à banda reiniciar suas atividades com outro vocalista e, surpreendentemente, retomar os dias de glória. Casos como o do Queensryche, ou do Accept, mostram que a imagem que um grupo projeta não está necessariamente atrelada à figura de seu frontman e, dentro do heavy metal, as coisas funcionam melhor assim.

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