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Quantos discos você já escutou em sua vida que foram engavetados depois
da primeira audição? E quantos discos você já escutou que, por anos e anos,
tornou a repetir a experiência, sendo que, a cada vez, parece ser a primeira?
Cada vez é descoberto algum detalhe da música que você não tinha percebido
antes?
Forged in Fire, clássico-mor do Anvil e do heavy metal em geral. Disco
lançado em uma época em que a banda possuía tanta evidência quanto as demais
que surgiram em sua geração. Disco que veio logo após outro grande clássico,
Metal on Metal, superando-o por pouco, mas compondo junto com ele o que viria a
ser a base do repertório das apresentações do Anvil a partir de então.
Forged in Fire, música que inicia o disco com pancadas tão contundentes
quanto as de um martelo, vencido pela resistência da bigorna. Lenta – sem ser
arrastada – e ameaçadora, com o grunhido dramático de Lips, carregado de
vibrato, e com um de seus melhores solos, culminando em um crescendo
sincronizado em perfeição com a base. Lips é um guitarrista de mão cheia e tem
um estilo inconfundível de tocar. Nessa época ele estava no auge de sua
performance e criatividade, com uma assinatura tão personalizada em seus solos
que é possível identificá-lo em poucas notas. Sempre que ele intervem, é
carregado de feeling absoluto. Não poderia ser de outra forma: Lips era – e é
até hoje – um garoto no corpo de um adulto. Um fã que conquistou o direito de
usufruir desse espaço chamado palco, por onde todos os seus ídolos passaram.
Daí toda a sua empolgação e perseverança, que nunca desvanecem.
Não dá pra deixar de mencionar também Robb Reiner, um dos melhores
bateristas de todos os tempos, tão talentoso quanto injustiçado. Dá pra escutar
o disco inteiro prestando atenção apenas em seus acompanhamentos, suas viradas
e vibrar com a mesma intensidade. Posso dizer, sem exagero, que Robb é o
baterista de metal que mais se aproxima do legado de Keith Moon. Para
comprovar, basta ouvir o que ele faz em Shadow Zone. É redundante dizer que
esta é uma das melhores do álbum, pois todas tem um padrão proporcional à
qualidade de vida no Canadá. Shadow Zone traz a velocidade para o disco e dá a
deixa para a melhor música da banda – e uma das melhores já feitas no metal, a
faixa seguinte que é...
Free as the Wind. Um riff simples, direto e empolgante, uma letra
carregada de paixão pelo estilo. Um hino. Um épico. Um clássico. A principal
faixa da trilha sonora de minha jornada nessa existência. Para a maioria talvez
seja uma música boa e nada mais. Eu compreendo, mas para mim foi algo como os
rompantes de paixão que permeiam a literatura. Ouvi a primeira vez e nunca mais
a tirei da cabeça.
Never Deceive Me, cantada pelo guitarrista Dave Allison, poderia ser
considerada o momento comercial do disco, mas o peso das guitarristas fazem o
devido contraponto com a voz mais suave de Dave. É a música mais diferente do
álbum, mas cai com perfeição entre Free as the Wind e o ritmo empolgante da
próxima, Butter-Bust Jerky.
O que seria o lado B, começa com Future Wars. Outro clássico
maravilhoso, outro momento antológico, uma faixa de metal tradicional de um
disco que passa por todos os climas, desde o metal clássico de Future Wars,
passando pelo hard metal de Hard Times Fast Ladies, o hard rock de Make it Up
to You, até chegar ao thrash porrada de Motormount, onde praticamente não há
variações de ritmo, não há espaço para respirar. É um disparo certeiro tocado
em um fôlego só.
O disco encerra com Winged Assassins, com uma boa entrada de baixo de Ian Dickson, que hoje
se dedica a confeção de action figures. A música transmite a perfeita sensação
de submissão perante um ataque aéreo indefensável, conforme descrito na letra.
Esse é Forged in Fire.
Isso não é um mero título, não é apenas um simples jogo de palavras. O
filme que resgatou a carreira do Anvil foi fundamental, é claro, mas a banda
teria prosseguido independente dele por que o Anvil foi realmente forjado no
fogo! E todos que foram atingidos por esse fogo
carregam, para sempre, a marca deixada por ele. Eu sei disso porque,
desde que escutei esse álbum, há quase trinta anos atrás, bate no meu peito um
coração em formato de bigorna...
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