SUICIDAL TENDENCIES – LIGHTS,
CAMERA, REVOLUTION
Uma lenda. Sem exageros ou
metáforas, mas é assim que eu percebo o SuicidaL Tendencies. Uma banda muito
conhecida e pouco escutada, pelo menos entre meus amigos mais próximos.
É uma pena, porque trata-se de um
grupo fantástico, com uma sonoridade única e que lançou, no mínimo, três
clássicos indispensáveis: Join the Army, Still Cyco After All These Years, que
é a regravação do também clássico primeiro disco, e este Lights, Camera,
Revolution, cujo registro correspondeu ao período de maior popularidade
experimentada em sua trajetória.
Merecidamente, aliás, pois esse é,
de fato, um disco sensacional. Pesado, rápido, agressivo e, diga-se,
extremamente divertido. Ficando bem claro que, divertido, aqui, está longe ser
sinônimo de engraçadinho. O talento de Mike Muir, como compositor e letrista,
não deixa que as músicas resvalem para essa seara, apesar de que esse mesmo
talento seja o responsável pela constante autoreferência nas letras, com a
palavra suicidal e suas derivações sendo constantemente mencionada, durante as
canções, ao longo de toda a discografia da banda.
Mike, o líder da gangue, teve
consigo, nesse trabalho, a formação mais entrosada de que já dispôs, com o
baterista RJ Herrera, a guitarra solo de Rocky George, as bases thrash de Mike
Clarck, e o baixo grooveado de Robert Trujillo, estando, este ultimo, no
momento de sua carreira em que pôde melhor explorar sua personalidade como
músico.
Falando de Trujillo, em separado,
não dá pra deixar de registrar que é um dos melhores baixistas em atividade
atualmente, mas, no Metallica, ele não tem espaço para executar as levadas
funkeadas, carregadas de groove, que ele fazia em seus tempos de Suicidal, onde
ele tinha mais liberdade e influência nas composições. Ali, quando
esse tipo de linha de baixo surgia, ela conseguia funcionar a favor da
música, já que a formação da banda, formada por negros e latinos, agregava suas
diversas raízes musicais – sem soar forçado – dentro do hardcore thrash
praticado. Mais tarde, essas misturam viriam a desencadear na criação do
Infectious Grooves, que posteriormente viria a refundir-se com a banda
original, culminando no Suicidal atual.
Mas, voltando ao presente disco, ele
já abre com um clássico instantâneo: You Can´t Bring Me Down! Uma faixa
fulminante, com um refrão perfeito e que, em sua parte intermediária, ainda
permite que Mike faça o que mais gosta na vida: discursar! You Can´t permanece
até hoje como a música de abertura dos shows e é uma das melhores da banda
desde sempre. Só não ganha o título de melhor faixa do disco porque fica
emparelhada com Alone, outra música excelente e que é um perfeito exemplo de
thrash “cantável”. Algo que o Suicidal, da mesma forma que o Anthrax, consegue
fazer como poucos dentro desse cenário.
Essas duas são seguidas de perto por
Lost Again, Lovely e Send Me Your Money, compondo o suprasumo do trabalho, cujo
restante, representado por faixas como Get Whacked, Give It Revolution e Go´n
Breakdown, fazem, desse, um album fundamental, de uma banda que não só esteve
na origem do crossover como conduziu-o para outros níveis, experimentando com
sonoridades diversas, afastando-se dos nichos musicais que, inevitavelmente os
manteriam apenas como uma boa promessa. Hoje, eles podem ser encarados como uma
formação composta por Mike Muir e seus músicos contratados, mas, na época de
Lights, Camera, Revolution, eles eram realmente uma banda. Aliás, perdão, eles
eram uma lenda.
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