domingo, 8 de fevereiro de 2015











SUICIDAL TENDENCIES – LIGHTS, CAMERA, REVOLUTION

Uma lenda. Sem exageros ou metáforas, mas é assim que eu percebo o SuicidaL Tendencies. Uma banda muito conhecida e pouco escutada, pelo menos entre meus amigos mais próximos.
É uma pena, porque trata-se de um grupo fantástico, com uma sonoridade única e que lançou, no mínimo, três clássicos indispensáveis: Join the Army, Still Cyco After All These Years, que é a regravação do também clássico primeiro disco, e este Lights, Camera, Revolution, cujo registro correspondeu ao período de maior popularidade experimentada em sua trajetória.
Merecidamente, aliás, pois esse é, de fato, um disco sensacional. Pesado, rápido, agressivo e, diga-se, extremamente divertido. Ficando bem claro que, divertido, aqui, está longe ser sinônimo de engraçadinho. O talento de Mike Muir, como compositor e letrista, não deixa que as músicas resvalem para essa seara, apesar de que esse mesmo talento seja o responsável pela constante autoreferência nas letras, com a palavra suicidal e suas derivações sendo constantemente mencionada, durante as canções, ao longo de toda a discografia da banda.
Mike, o líder da gangue, teve consigo, nesse trabalho, a formação mais entrosada de que já dispôs, com o baterista RJ Herrera, a guitarra solo de Rocky George, as bases thrash de Mike Clarck, e o baixo grooveado de Robert Trujillo, estando, este ultimo, no momento de sua carreira em que pôde melhor explorar sua personalidade como músico.
Falando de Trujillo, em separado, não dá pra deixar de registrar que é um dos melhores baixistas em atividade atualmente, mas, no Metallica, ele não tem espaço para executar as levadas funkeadas, carregadas de groove, que ele fazia em seus tempos de Suicidal, onde ele tinha mais liberdade e influência nas composições.  Ali, quando  esse tipo de linha de baixo surgia, ela conseguia funcionar a favor da música, já que a formação da banda, formada por negros e latinos, agregava suas diversas raízes musicais – sem soar forçado – dentro do hardcore thrash praticado. Mais tarde, essas misturam viriam a desencadear na criação do Infectious Grooves, que posteriormente viria a refundir-se com a banda original, culminando no Suicidal atual.
Mas, voltando ao presente disco, ele já abre com um clássico instantâneo: You Can´t Bring Me Down! Uma faixa fulminante, com um refrão perfeito e que, em sua parte intermediária, ainda permite que Mike faça o que mais gosta na vida: discursar! You Can´t permanece até hoje como a música de abertura dos shows e é uma das melhores da banda desde sempre. Só não ganha o título de melhor faixa do disco porque fica emparelhada com Alone, outra música excelente e que é um perfeito exemplo de thrash “cantável”. Algo que o Suicidal, da mesma forma que o Anthrax, consegue fazer como poucos dentro desse cenário.
Essas duas são seguidas de perto por Lost Again, Lovely e Send Me Your Money, compondo o suprasumo do trabalho, cujo restante, representado por faixas como Get Whacked, Give It Revolution e Go´n Breakdown, fazem, desse, um album fundamental, de uma banda que não só esteve na origem do crossover como conduziu-o para outros níveis, experimentando com sonoridades diversas, afastando-se dos nichos musicais que, inevitavelmente os manteriam apenas como uma boa promessa. Hoje, eles podem ser encarados como uma formação composta por Mike Muir e seus músicos contratados, mas, na época de Lights, Camera, Revolution, eles eram realmente uma banda. Aliás, perdão, eles eram uma lenda.




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