CANDLEMASS – EPICUS
DOOMICUS METALICUS
Heavy Metal significa
metal pesado. Por mais que essa afirmação possa ser digna favorita ao prêmio
nobel de obviedade, esse é um conceito nem sempre lembrado pelos representantes
do estilo.
Metal pesado.
PE-SA-DO. Metal, tudo bem, é uma idéia meio abstrata em relação à música. Uma
associação feita com o material de que são feitas as motocicletas. Pesado, por
outro lado, é um termo preciso, definido. Uma força relacionada a massa e a
gravidade, segundo a Física. Na música, é a sensação de esmagamento provocado
pelas notas, de uma compressão que lhe força contra o chão, espremendo suas
temporas.
Diversas bandas não
tem, ou perderam, essa característica. Ainda fazem boa música, claro, mas com
peso inexpressivo. Daí, então, deve ter surgido a necessidade do doom metal ter
adotado uma nomenclatura própria: para diferenciar a corrente de metal em que o
peso está em primeiro plano. Privilegiar o peso acima da velocidade,
privilegiar o peso acima da melodia vocal, privilegiar o peso acima até do
alcance que a banda pode obter pois, uma música tão densa, tão soturna, não é
feita para locais amplos. É feita para pequenos clubes, para locais onde a
pressão sonora possa empurrar as paredes.
Epicus Doomicus
Metalicus, primeiro álbum da banda sueca Candlemass, é um daqueles discos que
já nascem ditando as regras do estilo. A sua devida apreciação necessita que
você dedique um tempo específico para ele, para sua audição, por mais fora de
moda que isso seja hoje em dia. Se você ouvir esse disco enquanto dirige, ou
enquanto lava a louça, pode não atentar para sua profundidade. Apesar de ter
apenas seis faixas, essas são razoavelmente longas, fazendo com que o disco
tenha, ao seu final, 42 minutos. Mesmo sendo um trabalho anterior aos
lançamentos feitos pela formação clássica da banda, com a entrada do lendário
Messiah Marcolin no vocal, o album de estréia permanence considerado como sua
melhor obra, e esse mérito deve também ser creditado ao trabalho de Johan
Lanquist, muito bem encaixado dentro da proposta musical do grupo, interpretando
as canções com a dose certa de dramaticidade.
Tendo sido lançado no
mesmo ano que viu a chegada de Master of Puppets, Reign in Blood, Pleasure to
Kill e Peace Sells, o Candlemass não se furtou de ir na contramão da velocidade
e, logo de cara, na primeira faixa, Solitude, já dá suas cartas, impondo a sua
lentidão funebre. Não é a toa que o seu fundador, Leif Edling, é baixista, e,
portanto, escancarou os graves como força motora da sonoridade do conjunto.
Assim é que as músicas seguintes, Demon´s Gate e Crystal Ball, surgem com riffs
hipnóticos, exalando desespero e carisma.
Black Stone Wielder
começa com mais dinamismo, mas sem se afastar do clima que permeia o album.
Quando se chega nesse momento do disco, já deu pra perceber que os solos,
quando surgem, são curtos, breves intervenções dentro de cada peça encenada. E é
um solo que abre Under the Oak, onde, apesar da diferença na pegada, eu percebo
um pouco de influência do Mercyful Fate. A Sorcerer´s Pledge é a última música.
Climática, com seu início dedilhado e riff seco, concluindo a audição com a certeza
de ter, durante um breve espaço de tempo, desfrutado de um disco diferenciado,
cujas faixas transmitem coerência tal qual a sensação de ter “escutado” um
filme, uma narrativa tão sombria quanto épica. A palavra doom pode ser
traduzida, como destino, fim-do-mundo, ou outros conceitos semelhantes, mas
durante esse disco, cuja música soa como um ribombar, doom também é a
onomatopéia perfeita para o som que se escuta: doom… Doom… DOOM…
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