AT WAR – ORDERED TO KILL
Uma breve narrativa para exemplificar o que é o At War: Motorhead e
Venom tiveram um filho juntos, e o bebê nasceu nos Estados Unidos. Pronto.
A partir daí, creio que qualquer pessoa possa fazer sua imagem mental
de como essa banda soa. Mas não se prenda ao conceito, porque se o grupo fosse
apenas uma imitação de um ou outro dos conjuntos ingleses, eu não me daria ao
trabalho de escrever sobre eles. Tem que haver o elemento personal e ele existe
aqui. As influências são bem claras, mas a banda agrega seus próprios
maneirismos e é, por isso, lembrada por mim até hoje.
Essas associações não são gratuitas, afinal, todos esses conjuntos – e
aqui poderíamos também incluir o Sodom - são trios, que fazem música pesada com
bastante contundência e tem como figura de frente um baixista e vocalista de
aspecto intimidador, sendo tal posto ocupado por Paul Arnold, no caso do At
War. A presença do cover de The Hammer não influi nessa comparação, embora a
reforce. O At War detem o invejável privilégio de ter lançado dois álbuns
impecáveis em sua curta carreira, ter retornado com a mesma formação depois de
mais de vinte anos, e concebido mais um disco, igualmente impecável, soando tão
bom e relevante quanto o foi em sua origem. Isso é prova de convicção, de quem
sabe o que está fazendo e tem objetivos bem traçados e definidos.
Ninguém vai encontrar arranjos mais elaborados aqui. Intros melódicas,
dedilhados ou coisas do tipo. A graça do At War está em seu thrash
absolutamente cru e direto, amparado pelos temas bélicos que o Sodom só iria
assumir como mote bem mais à frente no tempo. Solos são apenas pequenos trechos
colocados no intervalo entre os riffs e todo o conjunto parece carregar nos
timbres mais graves, reforçando o peso de forma absoluta. O primeiro grande
clássico de seu repertório é a faixa título, que inicia o álbum de forma tão
contundente que parece que ela está lhe prendendo imobilizado no chão, com o pé
em cima de seu pescoço. A mesma impressão é passada também pelas faixas Eat
Lead e, principalmente, pela excelente Rapechase. Essa última faixa é a síntese
de como o metal deve ser, de como ele deve impactar o ouvinte. É como um
esqueleto ao redor do qual ossos e pele se desenvolvem. Rapechase é, portanto,
uma música básica, bem exemplificativa do tipo de estrutura padrão a partir da
qual podem-se inserir as mais variadas idéias de arranjo e personalizar
infinitos modos de tocar metal extremo.
Essas três são os grandes destaques do disco, mas as demais músicas,
como Ilsa (She Wolf of the SS), Mortally Wounded, Dawn of Death e Capitulation
também merecem menção. Esse disco pode não aparecer nas listas de melhores de
todos os tempos, mas merece ser conhecido e estar presente na coleção de
qualquer um. Ele é um perfeito exemplar de thrash metal, de um modo que não se
faz mais, ou, salvo poucas exceções, quando se tenta replicar soa estranho e
datado. Os artigos genuínos estão isentos dessa definição. Nunca soam datados.
Soam históricos.
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