WHITE
ZOMBIE – ASTRO CREEP 2000
Cada
vez que eu recupero, aqui nesse espaço, alguma banda caracteristicamente
vinculada aos anos noventa, eu vejo que essa época foi, na verdade, muito boa.
Não foi explosiva como os anos oitenta, mas gerou bastante coisas
interessantes.
É certo
que muita parte do que veio à tona no período foi marcado pela fusão de
estilos: heavy metal, industrial, punk, rap, progressivo, e sabe-se lá quantas
variáveis musicais fundiram-se entre si e geraram os mais diversos híbridos. Se
os resultados foram positivos ou não, cabe a cada um dizer, mas vale lembrar
que importa mais a abordagem dos artistas do que a nomenclatura do estilo. Nem
tudo que é industrial é bom ou ruim por definição. Ou grunge, ou gótico, ou new
metal, ou seja lá o quê. Cada banda é, ou deveria ser, seu próprio subestilo.
O
White Zombie foi um dos conjuntos mais simbólicos dos anos noventa e
desenvolveu uma mistura um pouco complexa, onde música, imagem e temas se
confundem para formar o todo. O som é tendente para o metal, e alguns gostam de
catalogá-la como industrial. Eu não posso concordar com essa afirmação.
Ministry, Godflesh e quetais são industriais, mas White Zombie não. O fato do
White Zombie utilizar samplers em suas faixas não é suficiente para defini-lo
como industrial, até porque, em sua quase totalidade, os referidos samplers são
trechos de filmes antigos ou sons tenebrosos, tudo combinando devidamente com
todo o universo de antigos filmes de horror trash, que a banda homenageia não
apenas em suas canções, mas em todo o seu conceito visual, rico e
magnificamente desenvolvido – e desenhado – pelo próprio Rob Zombie, a cabeça
pensante da banda.
Rob
Zombie é um artista inquieto, que desconhece o significado de acomodação. Não é
à toa que se aventurou em uma bem desenvolvida carreira de diretor de cinema.
Não estou dizendo que ele é o ápice da criatividade, até porque ele deve muito
do que faz à Alice Cooper, que foi, de diversas formas, pioneiro em algumas
formas de apresentar um espetáculo. E, felizmente, Rob não nega essa influência,
muito pelo contrário.
Embora
tenha lançado quatro discos, o White Zombie só viu o sucesso comercial a partir
do seu terceiro álbum. Os dois primeiros ficaram em um estado de esquecimento
tanto dentro da discografia quanto do repertório das apresentações, mas o certo
é que os dois últimos trabalhos foram marcantes e extremamente inspirados. Em
Astro Creep 2000, o peso espontâneo da banda recebeu o reforço extraordinário
de John Tempesta, baterista que já transitou pelo Exodus, pelo Testament, e hoje
atua no Cult. Além dele, não dá pra deixar de mencionar a participação da
baixista Sean Yseult e do guitarrista J., ambos infelizmente desaparecidos do
cenário depois que a banda se desfez.
Astro
Creep 2000 não é, porém, um disco absoluto. Tem algumas faixas que não fariam
falta caso fossem excluídas, mas quando a banda acertava a mão, valia a pena.
Super-Charger Heaven, I Zombie, as duas partes de Electric Head e a clássica
More Human Than Human são os melhores momentos. O final do grupo foi
precipitado, mas felizmente não deixou seus admiradores órfãos. Rob Zombie
prossegue até hoje em carreira solo sem distanciar-se um milímetro da proposta
que o consagrou.
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