TWISTED SISTER - YOU CAN´T STOP ROCK´N´ROLL
Eu não sou saudosista do vinil. Prefiro o som e a praticidade do cd.
Mas sou saudosista, e muito, das capas do vinil. O manuseio e a contemplação de
capas e encartes é uma experiência que,
pelo menos para mim, consegue por vezes ampliar ou reduzir o prazer da audição
das músicas. Em alguns casos, a capa sozinha já ajudava a vender o disco. Como
no caso do disco aqui colocado: você via na prateleira a imagem enorme de um TS
feito de ferro e o mais que inspirado título “você não pode parar o rock´n´roll”,
e a vontade de levar o álbum para casa já era instantânea. Aquele TS transmitia
uma idéia de peso tão forte que você sentia que precisaria segurar o disco
firmemente, com as duas mãos, para poder sustentá-lo. Felizmente, o conteúdo
sonoro que aquele invólucro continha era tão bom que a sua aquisição era quase
obrigatória, independente da embalagem.
Under the Blade, primeiro disco da banda, ainda é o meu preferido, mas,
quando se trata de Twisted Sister, essas questões de preferência ou de qual
disco/música é melhor, são muito tênues. No Twisted Sister, principalmente nos
quatro primeiros álbuns, que mantiveram a formação clássica, tudo é nivelado
por cima! Esse segundo disco começa bem, com duas músicas midtempo na abertura
para, na sequência, dar uma acelerada com Ride to Live, Live to Ride, seguida
pelo hino de autoafirmação I Am (I’m Me). Nesta última e em I’ve Had Enough,
transparece uma determinada característica da banda que é a execução de solos
feitos em cima da melodia da música, reproduzindo a mesma. Algo que nas mãos de
muitos poderia ser uma saída simplória, funciona soberbamente quando feita pela
dupla de guitarristas Eddie Ojeda e Jay Jay French.
Um dos grandes trunfos do Twisted Sister é que as músicas, todas
compostas por Dee Snider, passam bem longe de qualquer postura derrotista ou
lamurienta, que é a base da carreira de tantos outros artistas. As letras de
Dee geralmente são sobre imposições positivas: eu posso, eu vou, eu quero, eu
sou, ou nós podemos, nós vamos, etc. Nada poderia ser mais congruente com a
atitude de uma banda que realmente dá o sangue no palco, capitaneada por um
artista tão autêntico quanto inteligente e, cujo talento como compositor, salta
aos olhos também na diversidade de sua obra, com a criação de canções absolutamente
diferentes umas das outras, em termos de condução, mas que não deixam que se
perca a identidade da banda no processo. Nesse álbum, as faixas vão desde as
mais rápidas como The Power and the Glory, que, antes de acelerar, começa em
ritmo compassado, com a marcação do espancador de contrabaixos, Mark Mendoza,
até as baladas na linha de You’re not Alone (Suzette´s Song), sendo que, quando
se fala em baladas do Twisted Sister, deve se pensar em músicas leves, alegres,
longe do clima solene ou demasiadamente romântico que é, por vezes, associado a
esse tipo de composição. A referida balada é a penultima faixa do disco e está
no ponto intermediário entre a agressividade de I´ll Take You Alive e a palavra
de ordem em forma de música: You Can´t Stop Rock´n´Roll. Essa música sabiamente
encerra os shows da banda porque, pensando bem, o que tocar depois da catarse
coletiva que a mesma provoca. O refrão poderoso onde cada palavra é
devidamente, individualmente, pronunciada, acrescenta uma ênfase absurda para a
mensagem transmitida. Você – não – pode – parar – o – rock´n´roll.
Ninguém pode parar o rock´n´roll.
Portanto, nem tente, pois não existe objeto inamovível que faça frente
a essa força irresistível, mas, se você pensa que pode fazê-lo, fique à
vontade. Assuma os seus riscos e diga isso na cara do Dee Snider.
Ou do Mark Mendoza.
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