sábado, 12 de setembro de 2015

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NEVERMORE – DREAMING NEON BLACK

Para a maioria dos fãs de heavy metal, preemente os mais antigos, a palavra modernidade nem sempre soa muito bem, em oposição ao carinho demandado perlo termo tradição. É fato que muita coisa que tenta soar moderna, na tentativa de sobrepor algumas regras básicas do estilo,  acaba gerando um som maçante, genérico e estéril. Não faltam, porém, bandas que consigam casar com sucesso a modernidade e a tradição. O Machine Head é um grande exemplo, mas a minha preferida nessa seara é o Nevermore.
Tendo lançado seu primeiro disco em 1995, logo após a implosão do grunge ocorrida com a morte de Kurt Cobain, o Nevermore, que coincidentemente é natural da mesma cidade de Seattle,  agregou toda a tradição do metal mais clássico praticado por sua encarnção anterior, o Sanctuary, com as tendências que caracterizaram a música feita nos anos noventa. O som do Nevermore pode ser definido na palavra monstruoso, no sentido de ser denso, emocional, agressivo, pesado e massivo como poucos conseguem ser. Tem alguns toques de melancolia, mas passando bem longe de ser considerado gótico, da mesma forma que as partes mais agressivas aproximam-se muito do thrash, mas não cruzam as delimitações do estilo. Em suma, a banda desenvolveu uma característica própria, sem muitas possibilidades de comparação, dificultando até mesmo apontar com precisão quais seriam os artistas que os influenciaram mais fortemente.
Muitos dos méritos da musicalidade obtida são da cozinha formada pelo baterista Van Williams e pelo baixista Jim Sheppard, mas o destaque da banda está, longe de dúvida, na linha de frente. Não há adjetivos suficientes para explicar como Warrel Dane e Jeff Loomis são icônicos em suas respectivas funções. Se as composições tivessem mais ganchos de acessibilidade, os dois estariam no topo do heavy metal mundial, mas não foi o caso. Arrisco, inclusive, a dizer que Jeff é o guitarrista mais genial dessa geração noventista.
Nos seus três primeiros discos, houve uma evolução gradual que culminou com esse album que, junto com o disco seguinte, Dead Heart in a Dead World, são o ápice da carreira do Nevermore. O disco abre em alta com Beyond Within, mas encontrará seus maiores clássicos na dobradinha I Am The Dog e Dreaming Neon Black, essa última com interpretação soberba de Warrel Dane, e prossegue em evidência com o peso da levada de Deconstruction. The Lotus Eaters e Poison Godmachine formam juntas outro momento em que a faceta mais melódica se encontra lado a lado com a pura agressividade, tensionada como uma explosão segundos antes de ser detonada.

Forever é a última faixa e encerra o disco com um toque de tristeza. Não mencionei todas as músicas do disco aqui, mas o album completo é soberbo e sua oscilação de climas casa com o fato de suas canções narrarem uma história de perda da pessoa amada. Tal qual o Nevermore prosseguiu com o legado do Sanctuary, o ciclo se fechou e, hoje, o reformado Sanctuary prossegue com o legado do Nevermore. No fundo são apenas trocas de nomes impostas por questões empresariais. O que importa é aquela característica de compor que permanece presente sob a condução de Warrel e Jim Sheppard. Resta torcer para que tornem a se entender com Jeff Loomis e tragam de volta à ativa essa que é uma das mais competentes bandas que o metal gerou. Resta torcer que, para o Nevermore, não exista o conceito de nunca mais.

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