NEVERMORE – DREAMING
NEON BLACK
Para a maioria dos fãs
de heavy metal, preemente os mais antigos, a palavra modernidade nem sempre soa
muito bem, em oposição ao carinho demandado perlo termo tradição. É fato que
muita coisa que tenta soar moderna, na tentativa de sobrepor algumas regras
básicas do estilo, acaba gerando um som
maçante, genérico e estéril. Não faltam, porém, bandas que consigam casar com
sucesso a modernidade e a tradição. O Machine Head é um grande exemplo, mas a
minha preferida nessa seara é o Nevermore.
Tendo lançado seu
primeiro disco em 1995, logo após a implosão do grunge ocorrida com a morte de
Kurt Cobain, o Nevermore, que coincidentemente é natural da mesma cidade de
Seattle, agregou toda a tradição do
metal mais clássico praticado por sua encarnção anterior, o Sanctuary, com as
tendências que caracterizaram a música feita nos anos noventa. O som do
Nevermore pode ser definido na palavra monstruoso, no sentido de ser denso,
emocional, agressivo, pesado e massivo como poucos conseguem ser. Tem alguns
toques de melancolia, mas passando bem longe de ser considerado gótico, da
mesma forma que as partes mais agressivas aproximam-se muito do thrash, mas não
cruzam as delimitações do estilo. Em suma, a banda desenvolveu uma
característica própria, sem muitas possibilidades de comparação, dificultando
até mesmo apontar com precisão quais seriam os artistas que os influenciaram
mais fortemente.
Muitos dos méritos da
musicalidade obtida são da cozinha formada pelo baterista Van Williams e pelo
baixista Jim Sheppard, mas o destaque da banda está, longe de dúvida, na linha
de frente. Não há adjetivos suficientes para explicar como Warrel Dane e Jeff
Loomis são icônicos em suas respectivas funções. Se as composições tivessem
mais ganchos de acessibilidade, os dois estariam no topo do heavy metal
mundial, mas não foi o caso. Arrisco, inclusive, a dizer que Jeff é o
guitarrista mais genial dessa geração noventista.
Nos seus três
primeiros discos, houve uma evolução gradual que culminou com esse album que,
junto com o disco seguinte, Dead Heart in a Dead World, são o ápice da carreira
do Nevermore. O disco abre em alta com Beyond Within, mas encontrará seus
maiores clássicos na dobradinha I Am The Dog e Dreaming Neon Black, essa última
com interpretação soberba de Warrel Dane, e prossegue em evidência com o peso
da levada de Deconstruction. The Lotus Eaters e Poison Godmachine formam juntas
outro momento em que a faceta mais melódica se encontra lado a lado com a pura
agressividade, tensionada como uma explosão segundos antes de ser detonada.
Forever é a última
faixa e encerra o disco com um toque de tristeza. Não mencionei todas as
músicas do disco aqui, mas o album completo é soberbo e sua oscilação de climas
casa com o fato de suas canções narrarem uma história de perda da pessoa amada.
Tal qual o Nevermore prosseguiu com o legado do Sanctuary, o ciclo se fechou e,
hoje, o reformado Sanctuary prossegue com o legado do Nevermore. No fundo são
apenas trocas de nomes impostas por questões empresariais. O que importa é
aquela característica de compor que permanece presente sob a condução de Warrel
e Jim Sheppard. Resta torcer para que tornem a se entender com Jeff Loomis e
tragam de volta à ativa essa que é uma das mais competentes bandas que o metal
gerou. Resta torcer que, para o Nevermore, não exista o conceito de nunca mais.
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