OMEN – WARNING OF DANGER
Artistas talentosos, que tem a infelicidade de morrer jovens, deixam-me
um sentimento de saudade pelo que eles não fizeram. Saudade de uma obra
inacabada, cujos frutos nunca serão conhecidos, mas especula-se que seriam
grandiosos. Evidentemente que não me refiro a caras com Ronnie James Dio ou
David Byron. Esses fazem falta e sempre farão, mas deixaram trabalhos
suficientes para acalentar a sede por boa música e ocuparem definitivamente o
panteão de ídolos eternos. Dimebag Darrel e David Wayne (Metal Church) são
alguns que ficam em um espaço intermediário. Conseguiram registrar uma
quantidade considerável de obras significativas, mas ainda poderiam ter feito muito
mais.
Entre aqueles que incontestavelmente foram para outro plano antes da
hora, estão caras como Randy Rhoads e Cliff Burton. Esses são sujeitos que
sempre ficaremos apenas a imaginar os rumos que tomariam, o que ainda teriam
para nos mostrar. É certo que a contribuição, para a música, de J. D. Kimball,
vocalista falecido do Omen, não chegou a ter o mesmo impacto midiático que
esses outros, e o fato do mesmo ter abandonado a carreira alguns anos antes de
seu falecimento pode ter sido um indício de desinteresse com a mesma, mas isso
não diminui sua contribuição e nem torna menos lamentável sua morte.
Eu considero que o Omen é o tipo de banda em que o coletivo é o grande
destaque. Não havia um músico que se evidenciasse de forma extraordinária em
relação aos demais, mas a voz de J. D. Kimball, com seu timbre pendendo para o
lado grave, colaborou para que a banda se tornasse uma referência entre as que
navegavam pelas águas do metal épico norte-americano. Não deve ser à toa que a
perda de popularidade da banda coincida com a saída do vocalista de sua
formação. Lançaram três grandes discos no intervalo de três anos e qualquer um
deles poderia estar aqui, mas Warning of Danger tem aquela pequena vantagem de
ter sido lançado no Brasil, o que sempre fortifica os laços que o público
pátrio estabelece para preferir um ou outro álbum.
Warning of Danger é o segundo da discografia, e, ao som das primeiras
notas da faixa-título, salta aos olhos a influência fortíssima de Manilla Road.
Difícil apontar melhor indicativo para uma banda que prima pelas temáticas
medievais. No álbum, além da música de abertura, também se destacam as faixas
Ruby Eyes (Of The Serpent), que tem muitos toques de Iron Maiden, e Hell´s
Gate, sendo que essa última é uma verdadeira oração viking em forma de música,
transmitindo uma emoção sóbria e solene, totalmente aversa a qualquer gritaria
espalhafatosa que caracteriza noventa por cento do que se faz nesse estilo hoje
em dia.
Don´t Fear the Night tem um solo curto, mas muito bem feito pelo
guitarrista Kenny Powell, que é o responsável por prosseguir com o legado da
banda, mas a melhor faixa do álbum, juntamente com a já citada Hell´s Gate, é,
de longe, Terminator. Essa música é um pequeno tutorial de três minutos e meio
sobre o que é, de fato, heavy metal! Bateria incisiva, guitarra seca e um vocal
cuspido marcam a obra-prima, que é a única do álbum que Kimball assina, em
parceria com Kenny Powell.
O fato do Omen nunca ter transposto a barreira que o manteve entre as
bandas do terceiro escalão do metal não significa nada para quem está sempre em
busca de boa música. Seus discos estarão sempre conosco e, cada vez que os
pegamos para ouvir, J. D. Kimball nos ajuda a lembrar o quanto é bom estarmos
vivos.
Tão vivos quanto ele ainda nos soa.
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