KISS -
CREATURES OF THE NIGHT
1982. Em
março é lançado The Number of the Beast; em abril, Blackout; em julho,
Screaming for Vengeance. Nesse mesmo mês de julho, o Kiss entra em
estúdio pra gravar seu novo disco. Não é novidade que a banda vinha de uma fase
meio problemática, com três discos que não foram muito bem sucedidos (Dynasty,
Unmasked, Music from the Elder). Havia terreno para recuperar e, como pode ser
percebido pelo começo do parágrafo, o rock pesado estava se impondo com força
no mercado fonográfico. E isso olhando apenas pelo lado europeu, pois, em casa,
na América, bandas como o Van Halen já dominavam com força as vendagens de
discos.
Provavelmente, então, de olho na concorrência, o Kiss
concebeu um de seus discos mais pesados, para recuperar terreno e se impor em
pé de igualdade perante tantas bandas que surgiam. Não que o Kiss fosse um
grupo de heavy metal. Não é, apesar de transitar aqui e ali, com desenvoltura
pelo estilo e, para provar isso, gerou esse álbum. War Machine, Killer, Creatures of the Night,
Rock and Roll Hell e Danger são, sim, heavy metal da melhor qualidade. Qualquer
resquício de dúvida poderia ser expurgado apenas pela audição da balada do
disco. I Still Love You é uma música densa, com um tipo de intensidade que
passa longe, muito longe, do acento mais pop de canções como Beth ou Sure Know
Something.
Como se não bastasse a excelência musical, o pacote se
completava com a capa icônica e bem produzida e com os shows da primeira vinda
da banda ao país, despedindo-se temporariamente das famosas máscaras. Sangue,
explosões e a bateria gigante montada em cima de um canhão! Não estive lá,
evidentemente, mas pude assistir a turnê de aniversário do Alive em 2008 e,
posso dizer, mesmo com 26 anos de diferença entre os dois eventos, I Love it
Loud, o carro-chefe do disco, cujo coro é absolutamente inconfundível, continua
empolgante.
Nem tudo são flores porém. Uma característica do Kiss como
banda, ou talvez seja melhor dizer como empresa, que pode vir a incomodar os
mais puristas, é a tendência de gravar os seus álbuns com músicos que não
pertencem à formação. Ace Frehley está na capa do disco, e no clip de
divulgação, mas é só. Você não ouvirá uma nota sequer gravada por ele, pois na
maior parte das músicas quem faz o serviço é aquele que viria a ser o seu
substituto, Vinnie Vincent. Além dele, outros músicos também participaram,
inclusive gravando partes de baixo.
Isso pode vir a criar questionamentos do Kiss como banda,
mas nunca do Creatures of the Night como produto finalizado. O disco é um dos
ápices de uma carreira que teve poucos baixos. Quer você queira considerá-los
como banda ou empresa, essa sempre será uma discussão inócua quando música boa
estiver no meio da equação, inclusive porque, quando você se apaixona por um
álbum, o que importa é, e sempre será, as canções nele contidas. Detalhes de
produção são coisas que só interessam a quem já formou uma opinião e quer se
aprofundar. Dificilmente modificariam a opinião sobre a música propriamente
dita. Com tanta bobagem presunçosamente intelectualizada rolando, é bom que
ainda esteja entre nós uma banda cuja maior pretensão seja ser divertida. Nesse
quesito, o Kiss dificilmente é superado.
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