sexta-feira, 6 de novembro de 2015



KISS - CREATURES OF THE NIGHT

1982. Em março é lançado The Number of the Beast; em abril, Blackout; em julho, Screaming for Vengeance. Nesse mesmo mês de julho, o Kiss entra em estúdio pra gravar seu novo disco. Não é novidade que a banda vinha de uma fase meio problemática, com três discos que não foram muito bem sucedidos (Dynasty, Unmasked, Music from the Elder). Havia terreno para recuperar e, como pode ser percebido pelo começo do parágrafo, o rock pesado estava se impondo com força no mercado fonográfico. E isso olhando apenas pelo lado europeu, pois, em casa, na América, bandas como o Van Halen já dominavam com força as vendagens de discos.
Provavelmente, então, de olho na concorrência, o Kiss concebeu um de seus discos mais pesados, para recuperar terreno e se impor em pé de igualdade perante tantas bandas que surgiam. Não que o Kiss fosse um grupo de heavy metal. Não é, apesar de transitar aqui e ali, com desenvoltura pelo estilo e, para provar isso, gerou esse álbum. War Machine, Killer, Creatures of the Night, Rock and Roll Hell e Danger são, sim, heavy metal da melhor qualidade. Qualquer resquício de dúvida poderia ser expurgado apenas pela audição da balada do disco. I Still Love You é uma música densa, com um tipo de intensidade que passa longe, muito longe, do acento mais pop de canções como Beth ou Sure Know Something.
Como se não bastasse a excelência musical, o pacote se completava com a capa icônica e bem produzida e com os shows da primeira vinda da banda ao país, despedindo-se temporariamente das famosas máscaras. Sangue, explosões e a bateria gigante montada em cima de um canhão! Não estive lá, evidentemente, mas pude assistir a turnê de aniversário do Alive em 2008 e, posso dizer, mesmo com 26 anos de diferença entre os dois eventos, I Love it Loud, o carro-chefe do disco, cujo coro é absolutamente inconfundível, continua empolgante.
Nem tudo são flores porém. Uma característica do Kiss como banda, ou talvez seja melhor dizer como empresa, que pode vir a incomodar os mais puristas, é a tendência de gravar os seus álbuns com músicos que não pertencem à formação. Ace Frehley está na capa do disco, e no clip de divulgação, mas é só. Você não ouvirá uma nota sequer gravada por ele, pois na maior parte das músicas quem faz o serviço é aquele que viria a ser o seu substituto, Vinnie Vincent. Além dele, outros músicos também participaram, inclusive gravando partes de baixo. 

Isso pode vir a criar questionamentos do Kiss como banda, mas nunca do Creatures of the Night como produto finalizado. O disco é um dos ápices de uma carreira que teve poucos baixos. Quer você queira considerá-los como banda ou empresa, essa sempre será uma discussão inócua quando música boa estiver no meio da equação, inclusive porque, quando você se apaixona por um álbum, o que importa é, e sempre será, as canções nele contidas. Detalhes de produção são coisas que só interessam a quem já formou uma opinião e quer se aprofundar. Dificilmente modificariam a opinião sobre a música propriamente dita. Com tanta bobagem presunçosamente intelectualizada rolando, é bom que ainda esteja entre nós uma banda cuja maior pretensão seja ser divertida. Nesse quesito, o Kiss dificilmente é superado.

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