sexta-feira, 20 de novembro de 2015



LOUDNESS – DISILLUSION

Sempre, durante a semana anterior ao lançamento de uma nova resenha, eu dedico algum tempo para reescutar o disco sobre o qual pretendo escrever, para ver que ideias ele me desperta. Essa é, indubitavelmente, a melhor parte de todo o processo. Eu nunca escrevi sobre algum disco de que não gostasse, mas por conta daquelas desconhecidas razões que a gente não explica, tem certos discos que acabam sempre sendo um pouco mais especiais, trazendo lembranças que mesmo outros preferidos da casa não despertam. É o caso desse álbum do Loudness, uma das minhas primeiras aquisições de fita cassete vinda de algum lugar do país. Foi uma escolha aleatória, entre diversas opções de um catálogo repleto de nomes até então desconhecidos para mim, portanto eu não posso reclamar da sorte.
Se tem algo que eu curto bastante é a chance de escutar meu estilo de música favorito nos mais diversos sotaques. Nada daquela coisa de inserir forçosamente trechos típicos das melodias folclóricas locais para expor sua etnia: “olhem como eu sou espanhol” ou ”olhem como eu sou francês”, e por aí vai. Eu prefiro que a música me soe espanhola, francesa ou japonesa apenas pelo fato de estar sendo tocada por espanhóis, franceses ou japoneses. Assim é como é feito pelo Baron Rojo, pelo Trust e assim é como é feito pelo Loudness.
Em qualquer dos casos, porém, passado o estranhamento inicial, os ouvidos se acostumam e a gente desfruta plenamente de um excelente disco de heavy metal. Um daqueles que nos traz a satisfação íntima de conhecer o estilo e ter a chance de apreciar um trabalho tão bom, tão inspirado. O guitarrista Akira Takasaki, compositor de todas as faixas, que tiveram letras do vocalista Minoru Niihara, demonstrou um talento absurdo para criar músicas pesadas e ganchudas ao mesmo tempo. Akira, como pode ser percebido pelas instrumentais Anthem e Exploder, navegava bem próximo daquela pegada que viria a fazer a fama de Yngwie Malmsteen. Traços de Scorpions, Van Halen e Accept também podem ser identificados aqui e ali. Que me perdoem os fãs da fase mais americana da banda, cujo grande marco inicial é a música Crazy Nights, mas essa canção tem respaldo apenas para ser lado B de qualquer outra música deste Disillusion.
Tá certo que Crazy Nights é uma música legalzinha e tal, mas todo o repertório de Disillusion se encontra bem além dessa definição. Eu não consigo estabelecer uma ordem de preferência entre Esper, Dream Fantasy, Ares Lament, Milky Way, Crazy Doctor, Butterfly, Revelation ou Satisfaction Guaranteed. São todas exemplos do heavy metal mais puro e original, sem misturas, sem tendências, sem subestilos. Apenas heavy metal. Recomendadíssimo principalmente para aqueles que são mais chegados na pegada do comecinho dos anos 80.

Escrever isso me fez lembrar que eu nunca procurei conhecer melhor outras bandas daquele país, como Earthshaker, Bow Wow, EZO e Anthem, sendo que as duas últimas tiveram até discos lançados no Brasil. Todas estão entre as primeiras bandas japonesas, contemporâneas do Loudness, então dá pra ouvir sem medo de esbarrar com essa modinha atual de j-rock. Vou, portanto, aproveitar a deixa para preencher essa lacuna e lembrar sempre o quanto essa é uma forma de expressão universal.


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