sexta-feira, 13 de novembro de 2015



PARADISE LOST – GOTHIC

Para a maioria das pessoas, e a imprensa musical em geral, Draconian Times é o grande disco do Paradise Lost, o ápice da carreira. Concordo que é um grande álbum, sem dúvida nenhuma, mas eu me tornei fã da banda após a audição, e consequente aquisição, de Gothic, seu segundo disco, sendo que esse ainda é para mim o melhor trabalho deles, seguido de perto por Icon, Shades of God, e só então Draconian Times, necessariamente nessa ordem.
Draconian Times deu um impulso forte na carreira dos ingleses, não só pela qualidade evidente, mas também pela exposição massiva que o mesmo teve através da exibição de clips na MTV. A crítica que eu faço ao álbum é pelo fato dele me soar muito influenciado pelo Metallica. Parece-me que a voz de Nick Holmes está, nesse disco, com um timbre excessivamente semelhante ao de James Hetfield e esse tipo de coisa sempre costuma me incomodar bastante. Nada contra Metallica ou Hetfield, evidentemente, mas o Paradise Lost já surgiu com seu estilo bem definido, com características perceptíveis que ecoam até hoje em seus discos e era, assim, desnecessário emular aspectos tão evidentemente individuais de outros artistas.
Em Gothic, o clima era bem outro, mais espontâneo. Tudo que você precisa saber sobre a banda Paradise Lost já está presente nos primeiros minutos da faixa título, que abre o álbum. O timbre gutural na voz se foi, amenizado ao longo dos álbuns e voltando a se fazer presente nos dias mais recentes, esporadicamente de acordo com os arranjos, mas o clima gótico e melódico, que mescla drama e agressividade, tristeza e melancolia, sempre continuou, mesmo quando a banda fez experimentos mais modernos.
Junto de Nick Holmes, a outra cabeça pensante da banda, na divisão das composições, é o guitarrista Gregor Mackintosh, responsável pelas melodias executadas com o apoio do também guitarrista Aaron Aedy. O quinteto, completado pelo baixista Stephen Edmondson e pelo baterista Matthew Archer conceberam um clássico que foi imediatamente galgado para o coletivo de discos que abriram as portas do doom metal gótico. Além da faixa de abertura, músicas como Shattered, The Painless, Falling Forever e Eternal, surgiram como um sopro de novidade naquele começo da década de noventa, quando os conjuntos de heavy metal estavam meio que perdidos entre a explosão de bandas alternativas, a explosão de bandas extremas e a desorientação dos artistas clássicos do gênero, que não sabiam para onde deveriam atirar. Embora o que o Paradise Lost fez acabou se multiplicando como uma espécie de praga, fenômeno que ocorre sempre que algum artista se destaca com força ao incorporar ou misturar novos elementos em algo que já vinha sendo realizado, isso não desmerece sua obra e seu legado.
Tanto que a banda continua ativa e se renovando até os presentes dias, mantendo uma solidez na formação, com exceção do posto de baterista, que sofreu alterações ao longo do tempo. O Paradise Lost tornou a crescer na medida em que foi paulatinamente retornando à sua sonoridade genuína e natural, até chegar no ponto atual, onde soa como o cruzamento entre Gothic e Draconian Times. Execelente! Agradou à mim e agrada a maioria das pessoas.



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