TNT – KNIGHTS OF THE NEW THUNDER
Confesso que, em relação a esse disco, ocorreu uma lacuna na minha
formação musical. Mas, também, não dá pra escutar tudo, não é? E se isso é
verdade hoje, nos idos tempos também era.
Mas eu explico. Esse disco estava sempre na prateleira das lojas,
esperando por quem o levasse. Eu o manuseava, admirava a capa, o título, tudo
muito legal e de bom gosto, mas, no momento de disputar o salário de
estagiário, ele sempre perdia a disputa com os nomes mais populares
disponíveis, tipo Dio, Ozzy, Iron Maiden, AC/DC, Saxon, Scorpions, Black
Sabbath, Accept ou Judas Priest. Além desse detalhe, pesou também o fato de que
nenhum de meus amigos mais próximos, com os quais eu emprestava discos ou gravações,
tinha esse album. Ele sequer era mencionado nas conversas e, portanto, a
passagem do tempo fez com que eu acabasse por esquece-lo em definitivo.
Até que, vários anos depois, após o vento ter feito com que voassem as
folhas do calendário, um de meus amigos mencionou o disco em um tópico do
orkut, usando a palavra “discaço” para defini-lo. Foi o momento em que me
voltou à lembrança a existência da banda e o fato de nunca ter escutado o
disco. Felizmente, lapsos dessa natureza podem ser preenchidos a qualquer tempo
e esse foi o caso. O disco, lançado pela banda norueguesa TNT, transita muito
próximo do modo americano de fazer hard rock, puxando mais para o lado AOR do
estilo do que para o lado espalhafatoso que muitas bandas do estilo gostam de
praticar. Essa pegada mais sóbria já fica clara a partir da primeira música,
Seven Seas, que é na verdade um hino, daqueles perfeitos para fazer o
encerramento de um show.
Mas Knights of the New Thunder é também um disco de heavy metal e,
quando a banda ataca com essa intenção, ela soa bem na linha Judas Priest, como
fica transparente logo no começo de Ready to Leave. Essa faixa, por sinal,
mescla o lado heavy metal com o hard rock, utilizado no refrão, de maneira
muito inteligente, fazendo uma fusão natural, sem que pareça que são duas
bandas distintas ocupando a mesma capa de disco.
Poucos povos tem mais autenticidade para falar de Thor do que os
noruegueses, e essa herança cultural é responsável por uma das faixas que, só
não é ainda melhor, porque é muito mais curta do que poderia ser. Thor with the
Hammer é um destaque dentro do álbum e tem mais um refrão excelente. Assim o
são também a hard Break the Ice e a rápida Deadly Metal, onde a influência do
Judas Priest aparece de novo com bastante evidência. A última música do disco,
Knights of the Thunder, faz o seu papel de encerramento com muita categoria,
pois tem uma palhetada marcial, circundada pela melodia central, que transmite
um clima épico carregado de dramaticidade.
Não é, portanto, o caso de
lamentar não ter tido contato com o álbum em sua época de lançamento, afinal,
se isso fosse um problema, eu estaria lamentando por cada banda setentista que
eu descobri, ou continuo descobrindo, tardiamente. Se ainda estamos falando em
TNT, isso é resultado de eles terem concebido esse excelente disco. Ou melhor,
esse discaço!
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