NIRVANA – NEVERMIND
Antes de mais nada, é preciso estabelecer qual o verdadeiro impacto
desse disco. Sob a minha ótica, claro.
Nevermind é um disco que fez inegável sucesso e, de certa forma,
merecido em parte. Digo isso porque, para mim, Nevermind é um disco bom.
Ponto.
É bom e só. É endeusado por muitos de forma demasiado exagerada, visto
suas reais qualidades. Também é odiado por outros tantos, mas não merece essa
rejeição extrema. Daí a querer colocar Nevermind como divisor de águas, um dos
melhores discos de todos os tempos e blábláblá, vai uma longa distância.
Nevermind não é tão ruim quanto pintam seus detratores, mas tampouco é a
maravilha que a maioria clama por aí.
Dessa forma, eu acho que as pessoas ou amam demais o Nirvana ou odeiam
demais. Ambas as reações, creio, são consequência da exposição maciça da banda.
Se o Nirvana tivesse um status de popularidade menor, não geraria esse efeito.
Alguns curtiriam e outros simplesmente ignorariam. Mas, na realidade, o disco
estourou e vamos à ele.
Não quero criar polêmica ou chamar atenção. Até fujo disso. Mas sou
forçado a iniciar dizendo que Smells Like a Teen Spirit é uma música
absolutamente inócua. Não me diz nada e, em minha opinião, é uma das mais
fracas do disco. Tem coisas bem melhores ali. Quando eu pego esse disco para
ouvir, Smells entra no automático até pelo fato de ser a primeira, mas eu a
pularia tranquilamente. Foi um sucesso? Foi, todo mundo sabe, mas eu não baseio
meus conceitos em cima disso.
Se Smells me soa desnecessária, Territorial Pissings, por outro lado,
me soa ruim mesmo. È uma tentativa de fazer uma faixa mais rápida e agressiva
sem que se tenha o cacoete necessário para tanto. O ponto certo da musicalidade
do Nirvana repousa em canções como In Bloom, Come As You Are, Breed, Lithium e
Lounge Act, que são músicas realmente boas. Tem carisma e melodia.
Coincidentemente, ou não, a maioria delas está na primeira metade do disco, que
perde um pouco de força no seu decorrer. As músicas menos interessantes ficaram
para o fim da audição.
Ainda falando em melodia, Polly e Something in the Way são canções bem
agradáveis, suaves. Não vão mudar a vida de ninguém, mas também não comprometem
o resultado do disco. O Nirvana tinha uma mão adequada para músicas desse naipe
e isso foi plenamente comprovado quando lançaram seu álbum acústico.
Nevermind é um disco de rock básico. Tão básico quanto o são as
habilidades de seus criadores, visto que ali ninguém passa perto do conceito de
virtuose, embora isso, claramente, não seja nenhum demérito em termos de rock.
Seu estouro deveu-se a um claro movimento da indústria, que sobrevive desses
ciclos e tem que se manter, pelo menos parcialmente, sincronizada com a
renovação do público consumidor de música, mais afeito a acompanhar as bandas
que surgem em seus momentos cronológicos. De qualquer forma, no meu teste de
tempo, o disco repousa em um conceito mais voltado para os graus positivos. Não
o descartaria jamais, mas também não o colocaria na minha mala rumo à famosa
ilha deserta.
Que fique na estante, mas ao alcance da mão.
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