SKID ROW –
SLAVE TO THE GRIND
Eu não dei muita atenção ao Skid Row, quando eles lançaram o seu
primeiro álbum. Aliás, até hoje, ainda não dou tanta atenção a esse disco.
Ouvi-o esporadicamente, aqui e ali, ao longo dos anos, mas, quando muito,
apenas arrancou de mim a impressão de ser interessante.
Com Slave to the Grind, porém, a reação foi bem diferente. Lembro-me
que o disco foi lançado com uma campanha midiática bem forte. O primeiro, pelo
bem ou pelo mal, fez muito sucesso e gerou expectativas para o seu sucessor.
Slave já chamava a atenção pela capa, bem chamativa, e o falatório gerado
acabou me despertando a curiosidade em escutar o mesmo.
Logo no começo, o disco parece ser promissor. Monkey Business, boa
música, com guitarras fortes, talvez o trabalho seja ok, no fim das contas.
Massss.... na segunda música, a faixa-titulo, a coisa muda de figura! É o disco
certo que está tocando? Isso é o Skid Row??? Um riff de guitarra muito pesado,
forte como um martelo, em sintonia com a levada de bateria. Uma faixa
antológica, rápida e agressiva com a banda inteira se esmerando em apresentar
não apenas uma música, mas um autêntico clássico do heavy metal!!! Slave to the
Grind é, para mim, não apenas o ponto mais forte do álbum, mas o ápice de tudo
o que a banda fez em seus anos com Sebastian Bach. Esse, por sinal, apesar de
ser muito criticado, principalmente e curiosamente por gente que sequer já o
ouviu cantar, está aqui no auge de sua performance. Não é o melhor cantor do
mundo, claro, e nem é a melhor banda do mundo, mas quem disse que precisa ser?
Isso é hard rock, é heavy metal, e o que precisa é ter punch!
Há um pouco de exagero no fato de ter três baladas em um disco de doze
faixas, mas pelo menos essas não chegam a comprometer o resultado, estando bem
longe de qualquer overdose de sacarose e a sua distribuição, dentro da
sequência de músicas, deixa mais bem dosada a dinâmica do disco, sendo que
Quicksand Jesus me soa como a melhor entre
elas, com um andamento mais forte.
Nas faixas
The Threat e Psycho Love, dá pra notar, guardadas as devidas diferenças entre
as bandas comparadas, que o Skid Row estava sintonizado com o metal em voga no
começo da década de 90, pois percebe-se algumas leves semelhanças com o que o
Pantera já estava fazendo em Cowboys from Hell. Por outro lado, Get the Fuck
Out e Riot Act já trafegam no estilo “punk rock com solos de guitarra” que a
banda praticava, evidenciando as influências do baixista Rachel Bolan, fundador
e principal compositor da banda, junto com o parceiro e guitarrista Dave Sabo.
A
intransigência mantida pelos dois lados restantes pós-separação, Skid Row e
Sebastian Bach, não é benéfica para ninguém, visto que nenhuma das partes nunca
mais conseguiu lançar nada que fosse tão relevante quanto o foi o Slave to the
Grind. A banda, reunida, ainda teria potencial para produzir bons resultados,
mas, para tanto, também seria necessário que fosse vencida a má-vontade do
público de heavy metal, cuja postura “não ouvi e não gostei” foi um dos
estopins que levaram uma banda iniciante, com bastante potencial, para a sua
prematura derrocada. Slave to the Grind, porém, permanecerá na história como um
dos melhores discos dos anos noventa.