sábado, 25 de julho de 2015



CANNIBAL CORPSE – EVISCERATION PLAGUE

É mais do que compreensível que, quem nunca ouviu heavy metal, ou mesmo quem transita apenas pelo lados mais tradicionais do estilo, associe o som do Cannibal Corpse com simples barulho. Ledo engano, porém, pois nada pode estar mais distante da realidade. O Cannibal Corpse é uma banda muito, muito técnica. Alex Webster, o principal compositor, é, tranquilamente, um dos baixistas mais impressionantes em atividade. O x da questão é que toda a técnica que os músicos possuem está completamente voltada para a brutalidade. Não tem riffs básicos, não tem linhas de baixo retas, mas tudo está envolvido em uma execução que desafia os extremos.
Provavelmente eu seja uma das poucas pessoas que preferem mais a fase atual do que os primeiros trabalhos com Chris Barnes nos vocais. Novamente vem à tona a questão da técnica, pois o Cannibal avançou muito nesses termos, sem falar também na produção mais crua do começo, acabando por me cativar mais pelo que eles fazem hoje em dia. E quando consideramos que a saída de Chris deu ao mundo o Six Feet Under, além da perfeita integração de George Fisher ao Cannibal, foi melhor pra todos, músicos e fãs, que tenha ocorrido dessa forma.
Esse álbum é o segundo gerado pela formação que se estabilizou a partir do ano de 2006. E já a partir da primeira faixa, Priests of Sodom, você é apresentado a tudo que eles oferecem. Logo nos primeiros segundos de música, ao ser submetido à sensação de ter uma britadeira martelando no centro da testa, você já terá condições de decidir se abraçará ou rejeitará a proposta musical que lhe surge. O death metal praticado pelo quinteto, representa com muitos méritos a geração que assumiu o estilo no começo da década de 90. Dentre seus pares mais conhecidos, o grupo também pode ser apontado como o que menos se aventurou em mudanças, sejam sonoras ou de imagem. As capas dos álbuns, com suas imagens que extrapolam o grotesco, estão aí para comprovar isso. Toda essa regularidade colocou-os, merecidamente, no posto de maior vendedor de discos dentro de seu nicho.
Músicas como Scalding Hail e Carnivorous Swarm são outros exemplos da técnica impressionante que os músicos detém, aplicada à velocidade da luz e com temas sempre na linha dos mais sanguinolentos contos de horror. Felizmente, porém, tocar rápido é uma opção, pois nos momentos em que eles empurram o pé no freio também criam músicas sensacionais, como A Cauldron of Hate e, principalmente, a faixa-título, Evisceration Plague, de longe uma das minhas favoritas de toda a discografia do conjunto.
Beheading and Burning e To Decompose também merecem ser citadas como destaques do disco. É claro que esse não é um álbum de fácil audição. O death metal não surgiu para ser acessível. Ele surgiu para desafiar o senso comum e manter-se à margem de qualquer zona de conforto. Então, se você não detém predisposição para percorrer essas seara, é melhor manter-se distante de bandas como o Cannibal Corpse. De minha parte, fico feliz por eles existirem. O melhor de todos os cenários é aquele em que eu posso transitar do mais tradicional metal setentista até o death ou o grindcore, e usufruir de todos os graus intervalares que compõem esse negócio chamado heavy metal. E o Cannibal Corpse é o meu parâmetro de direção a ser seguida quando estou na vibe da performance extrema.



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