CANNIBAL CORPSE – EVISCERATION PLAGUE
É mais do que compreensível que, quem nunca ouviu heavy metal, ou mesmo
quem transita apenas pelo lados mais tradicionais do estilo, associe o som do
Cannibal Corpse com simples barulho. Ledo engano, porém, pois nada pode estar
mais distante da realidade. O Cannibal Corpse é uma banda muito, muito técnica.
Alex Webster, o principal compositor, é, tranquilamente, um dos baixistas mais
impressionantes em atividade. O x da questão é que toda a técnica que os
músicos possuem está completamente voltada para a brutalidade. Não tem riffs
básicos, não tem linhas de baixo retas, mas tudo está envolvido em uma execução
que desafia os extremos.
Provavelmente eu seja uma das poucas pessoas que preferem mais a fase
atual do que os primeiros trabalhos com Chris Barnes nos vocais. Novamente vem
à tona a questão da técnica, pois o Cannibal avançou muito nesses termos, sem
falar também na produção mais crua do começo, acabando por me cativar mais pelo
que eles fazem hoje em dia. E quando consideramos que a saída de Chris deu ao
mundo o Six Feet Under, além da perfeita integração de George Fisher ao
Cannibal, foi melhor pra todos, músicos e fãs, que tenha ocorrido dessa forma.
Esse álbum é o segundo gerado pela formação que se
estabilizou a partir do ano de 2006. E já a partir da primeira faixa, Priests
of Sodom, você é apresentado a tudo que eles oferecem. Logo nos primeiros
segundos de música, ao ser submetido à sensação de ter uma britadeira
martelando no centro da testa, você já terá condições de decidir se abraçará ou
rejeitará a proposta musical que lhe surge. O death metal praticado pelo
quinteto, representa com muitos méritos a geração que assumiu o estilo no
começo da década de 90. Dentre seus pares mais conhecidos, o grupo também pode
ser apontado como o que menos se aventurou em mudanças, sejam sonoras ou de
imagem. As capas dos álbuns, com suas imagens que extrapolam o grotesco, estão
aí para comprovar isso. Toda essa regularidade colocou-os, merecidamente, no
posto de maior vendedor de discos dentro de seu nicho.
Músicas como Scalding Hail e Carnivorous Swarm são
outros exemplos da técnica impressionante que os músicos detém, aplicada à
velocidade da luz e com temas sempre na linha dos mais sanguinolentos contos de
horror. Felizmente, porém, tocar rápido é uma opção, pois nos momentos em que
eles empurram o pé no freio também criam músicas sensacionais, como A Cauldron
of Hate e, principalmente, a faixa-título, Evisceration Plague, de longe uma
das minhas favoritas de toda a discografia do conjunto.
Beheading and Burning e To Decompose também merecem
ser citadas como destaques do disco. É claro que esse não é um álbum de fácil
audição. O death metal não surgiu para ser acessível. Ele surgiu para desafiar
o senso comum e manter-se à margem de qualquer zona de conforto. Então, se você
não detém predisposição para percorrer essas seara, é melhor manter-se distante
de bandas como o Cannibal Corpse. De minha parte, fico feliz por eles
existirem. O melhor de todos os cenários é aquele em que eu posso transitar do
mais tradicional metal setentista até o death ou o grindcore, e usufruir de
todos os graus intervalares que compõem esse negócio chamado heavy metal. E o
Cannibal Corpse é o meu parâmetro de direção a ser seguida quando estou na vibe
da performance extrema.
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