TAURUS - SIGNO DE TAURUS
Dorsal, Vulcano, Centúrias, Sepultura, Chakal, Korzus, Viper: todas
essas bandas lançaram discos essenciais para mim. Mas, quando eu conecto as
palavras DISCO e PERFEITO, a imagem imediata que me ocorre, no metal nacional,
é a do primeiro álbum do Taurus. A vibração que esse disco passa consegue ser a
mesma, apesar de passados 28 anos de seu lançamento.
A perfeição da obra estava presente no pacote completo: produção, capa,
encarte, fotos, letras, tudo feito com um esmero que os demais lançamentos
nacionais, no ano de 1986, ainda estavam tentando alcançar. Recentemente a
banda voltou à ativa, contando novamente com os vocais de Otávio e lançando um
novo disco, resgatando as letras em português.
Dos fatores acima, a produção era o que saltava à cara de forma mais
imediata. Discos desbravadores estavam sendo produzidos em nossa pátria, mas,
em sua grande maioria, tinham um som um pouco abafado, sem brilho. Para uma
cena que vivia seus primeiros anos, esse era um detalhe absorvido com
naturalidade. Era assim que as coisas eram, mas não era assim que as coisas
sempre deveriam ser. Um disco nacional, que fosse apresentado com mais apuro,
chamaria inevitavelmente uma atenção maior. Ser independente, afinal, nunca foi
sinônimo de desleixo.
Sem falar, também, que o momento
da estréia é crucial para um conjunto. É uma cartada, por vezes, definitiva e,
quando realizada de modo preciso, marca definitivamente o seu nome na história.
Foi o que aconteceu com o Taurus.
Após a instigante introdução, a primeira música, Mundo em Alerta,
demonstra o quão especial será o que está por vir. Bases com guitarras rápidas
e secas. Riffs simples, mas tocados com distorção e carisma, como deveria
sempre ser. Uma letra falando sobre o terceiro Reich, valorizada pelo vocal
agudo. A música que se segue, Massacre, virou um clássico definitivo. A letra
fala de paixão por heavy metal, mas a vibração e a autenticidade que
caracterizam a composição é tanta que sobrepõe qualquer risco de que a mesma
pudesse soar datada. Muito pelo contrário: o Taurus não pode, em hipótese
alguma, subir em um palco sem tocar essa faixa!
Império Humano se destaca por ser conduzida, em sua maior parte, pelo
som do baixo tocado por Jean, que completava a formação junto com os irmãos
Cláudio e Sérgio Bezz, guitarra e bateria, respectivamente. Batalha Final é
outra excelente canção, mas eu vou passar logo para a pérola reluzente do álbum: a música que fala sobre
um chacal chamado Damieeeeeennnn!!!!!
Essa é o momento mais thrash do disco e não poderia ser de outra forma
para referenciar uma das mais clássicas obras de horror já publicadas, A
Profecia. Damien era aquela faixa que, quando terminava, eu voltava para o
começo, e de novo, e de novo. Ainda hoje, uma das minhas músicas preferidas de
todo o metal nacional, e eu não me canso de ouvir, pois ela – como todo o
disco, afinal – não envelhece. Continua com a potência de um golpe preciso.
Concluindo o trabalho, seguem-se Rebelião dos Mortos, de levada mais
cadenciada e com uns backing vocals que lembram um pouco o Exodus, e Falsos
Comandos, mais rápida, com uma levada perfeita para cumprir o dever de encerrar
o disco.
Sem desmerecer a qualidade dos álbuns gravados em inglês, é certo que o
impacto dessa estréia, bem como o ótimo disco de retorno, Fissura, mostram que
o Taurus é um capítulo à parte na história do metal nacional, mas, por outro
lado, seria impreciso dizer que a banda teria tido melhor sorte ou destaque
caso não tivesse sofrido mudança de formação ou tivesse permanecido cantando em
inglês. Estamos falando de METAL no BRASIL e, se isso já é um mercado impreciso
no resto do mundo, aqui nem se fala. Mas não importa, nunca importou. Eles
voltaram porque acharam que seriam um estouro de vendas, que iria garantir a
aposentadoria? É claro que não. Eles voltaram porque a paixão pela música
sempre será incompatível com o estado de repouso.
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